Escola
de Agentes
Democráticos

Reconhecimento de
Padrões Autocráticos

A edição 2023 da Escola de Agentes Democráticos é um programa, promovido pelas Casas da Democracia, de reconhecimento de padrões autocráticos para promover a aprendizagem democracia baseado em livros e filmes de romances distópicos.

Entendendo que a democracia é, fundamentalmente, um processo de desconstituição de autocracia, para entendê-la (e se converter a ela) é fundamental examinar o seu avesso, aprendendo a reconhecer padrões autocráticos.

Padrões autocráticos podem ser identificados nas autocracias (não-eleitorais e eleitorais) e nas organizações hierárquicas em geral, tanto do passado quanto do presente.

Também é possível encontrar esses padrões nas distopias (ou retropias) ficcionais, como:

  • no mundo limpo de A nova Utopia de Jerome K. Jerome (1981)
  • no Nós de Zamyatin (1921)
  • no Admirável Mundo Novo de Huxley (1932)
  • no Darkness at Noon de Koestler (1941)
  • em A Revolução dos Bichos e no 1984 de Orwell (1945 e 1949)
  • no Fahrenheit 451 de Bradbury (1953)
  • em O Senhor das Moscas de Golding (1954)
  • no O Conto da Aia de Margaret Atwood (1985)
  • e no Star Wars: Manual do Império de Daniel Wallace (2015).

Esse é caminho escolhido pelo atual programa.

Justificativa Teórica

As distopias são livros-chave para decifrar códigos de programação da rede social.

Investigar as distopias não se baseia na ideia de que no futuro vão acontecer mundos parecidos com os descritos pelos autores distópicos.

Investigar as distopias é importante porque aspectos desses mundos descritos pelos autores distópicos estão acontecendo agora.

Os mesmos padrões hierárquicos de organização e os mesmos modos autocráticos de regulação de conflitos aventados pelos distopistas estão presentes em muitos mundos sociais realmente existentes e adjacentes aos nossos, mas nem sempre somos capazes de reconhecê-los.

As distopias são construções imaginativas que realçam, em alguns casos levando ao paroxismo, as deformações no fluxo da convivência social, evidenciando as principais perturbações no campo interativo e com isso permitindo a identificação de características autoritárias e totalitárias que dificilmente seriam percebidas nas rotinas dos mundos em que vivemos.

Elas fornecem, assim, os esquemas e as disposições teoréticas e simbólicas do que pode se manifestar quando configurações sinérgicas (ou seja, estruturas e dinâmicas que condicionam o fluxo interativo de modo congruente) são replicadas.

É claro que a realidade (seja lá o que for) é sempre mais ousada do que as criações dos ficcionistas distópicos. Nenhuma distopia conseguiu antever ou agravar a deformação promovida nas sociedades soviéticas durante o período do Grande Expurgo stalinista.

Nenhum dos livros que vamos examinar neste programa chegou perto do que se faz nos dias que correm na Coreia do Norte. Nenhum autor conseguiu imaginar um horror semelhante ao que se instalou em Raka, ocupada pelo Estado Islâmico.

Mas essas exacerbações de formas de comportamento político anti-humano são singularidades que podem acabar cumprindo o perigoso papel de nos alienar do essencial.

E o essencial é perceber na nossa vida cotidiana, aceita como normal, as manifestações desses padrões.

Não é mera coincidência que muitos dos padrões do livro 1984 (Nineteen Eighty-Four) de Orwell estejam presente num treinamento ideológico realizado por grupos jihadistas ou que o duplipensar orwelliano esteja presente em qualquer discussão com militantes de organizações políticas autocráticas

Nem é por acaso que os argumentos simplórios de A Nova Utopia de Jerome K. Jerome (1891) estejam sendo reproduzidos pela militância de protoditaduras latino-americanas em plena terceira década do século 21, ou seja, mais de um século depois.

Ou que a subordinação da liberdade à igualdade ou a substituição da liberdade pela felicidade como ideal utópico ainda constituam o centro articulador do pensamento autoritário em todo mundo.

Como escreveu Ernst Bloch (1935) em The Heritage of Our Times, "nem todas as pessoas existem no mesmo Agora". Essa teoria blochiana da "não-contemporaneidade” só se torna, porém, compreensível, quando percebemos que as pessoas são emaranhados sociais (e não indivíduos isolados) e que a época em que elas vivem depende da configuração dos ambientes em que convivem.

As distopias, são, dessarte, livros-chave para decifrar códigos de programação da rede social em qualquer época.

Na medida em que rede é fluxo (ou seja, metabolismo-e-corpo, dinâmica-e-estrutura) a programação da rede é também uma reprogramação do tempo e por isso é tão difícil estabelecer sintonias com certas pessoas que estão vivendo em outros ambientes. Porque – mesmo estando co-presentes, na nossa vizinhança – elas estão vivendo em outro tempo.

O programa da Escola de Agentes Democráticos 2023 procura estimular a descoberta de pistas de deciframento para aprender a reconhecer padrões autocráticos onde quer que eles se manifestem, inclusive na nossa vida cotidiana.

Metodologia

O programa terá como espinha-dorsal a leitura de 11 romances distópicos. Em alguns casos também serão incluídos filmes baseados nos livros.

Após a leitura de cada livro haverá um evento virtual de conversação sobre o livro (no Zoom).

Cada evento será precedido por um questionário provocativo (enviado aos participantes por e-mail e WhatsApp com uma semana de antecedência). O objetivo dos questionários é auxiliar a identificação de padrões autocráticos nos livros (e eventuais filmes correlatos).

Cada livro (e eventuais filmes correlatos) terá um grupo na plataforma Ning das Casas da Democracia (com fórum para conversação dos participantes).

Os questionários também serão consolidados em uma apostila e-book.

Cada evento terá uma apresentação (PPTx ou PDF) que será enviada aos participantes logo depois do evento.

Os eventos virtuais serão gravados e os vídeos serão disponibilizados aos participantes.

Todas as comunicações serão por WhatsApp e por e-mail personalizado.

Conteúdo

Os livros (e os tempos de leitura) são os seguintes:

  1. A nova Utopia de Jerome K. Jerome (1891) – 1 semana
  2. Nós de Yevgeny Zamyatin (1921) – 2 semanas
  3. Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley (1932) – 2 semanas
  4. O Zero e o Infinito (Darkness at Noon) de Arthur Koestler (1941) – 2 semanas
  5. A Revolução dos Bichos de George Orwell (1945) – 1 semana
  6. 1984 de George Orwell (1949) – 3 semanas
  7. Fahrenheit 451 de Ray Bradbury (1953) – 2 semanas
  8. O Senhor das Moscas de William Golding (1954) – 2 semanas
  9. Um dia na vida de Ivan Denisovich de Alexander Soljenítsin (1962) – 2 semanas
  10. O Conto da Aia de Margaret Atwood (1985) – 2 semanas
  11. Star Wars: Manual do Império de Daniel Wallace (2015) – 2 semanas

Calendário do Programa

  1. 22/06 | Boas vindas. O que é o programa e como vai funcionar.
  2. 29/06 | Conversação sobre A nova Utopia de Jerome.
  3. 13/07 | Conversação sobre Nós de Zamyatin.
  4. 27/07 | Conversação sobre Admirável Mundo Novo de Huxley.
  5. 10/08 | Conversação sobre O Zero e o Infinito de Koestler.
  6. 17/08 | Conversação sobre A Revolução dos Bichos de Orwell.
  7. 14/09 | Conversação sobre 1984 de Orwell.
  8. 28/09 | Conversação sobre Fahrenheit 451 de Bradbury.
  9. 12/10 | Conversação sobre O Senhor das Moscas de Golding.
  10. 26/10 | Conversação sobre Um dia na vida de Ivan Denisovich de Soljenítsin.
  11. 09/11 | Conversação sobre O Conto da Aia de Atwood.
  12. 23/11 | Conversação sobre Star Wars: Manual do Império de Wallace (2015).

INSCRIÇÃO

Investimento: R$ 300,00.

Para se inscrever basta fazer um PIX ou depósito na conta abaixo:

Chave PIX (CNPJ) 41903387000173

Associação Movimento Democracia

Cora SCD – 403

Agência 0001

CC 1331751-8

CNPJ 41.903.387/0001-73

Enviar comprovante para: info@democracia.org.br

As inscrições serão encerradas no dia 20 de junho de 2023.